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Ribeiro Cristóvão

Fechar as torneiras

08 mai, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Receitas de bilheteira, publicidade, televisão e outras, há muito se vêem revelando insuficientes para satisfazer todos os encargos dos clubes.

Fechar as torneiras

Como é do conhecimento geral, os clubes portugueses, todos eles, passam por enormes dificuldades no plano financeiro, sendo previsível que alguns sejam mesmo obrigados a fechar as portas a muito curto prazo.

As notícias sobre essa matéria surgem em catadupa, e nem por uma vez se adiantam soluções, mesmo para os casos menos gravosos. Nesse contexto, a praga dos salários em atraso alastrou de tal modo que hoje, qualquer novidade a esse respeito, é secundarizada e por isso atirada para as últimas páginas dos jornais.

Já poucos dão importância a esse drama que afecta famílias inteiras. E nem o movimento sindical revela força suficiente para tentar debelar os males que atravessam o país.

Culpados, os clubes entravam numa espiral de subida de salários incomportáveis, enquanto os ganhos diminuíam drasticamente. Receitas de bilheteira, publicidade, televisão e outras, há muito se vêem revelando insuficientes para satisfazer todos os encargos.

Uma outra fonte que tem ajudado a manter muitos clubes à tona, emana directamente dos vários protocolos estabelecidos com as autarquias, e que se revelam muito importantes no apoio à manutenção de colectividades e para descanso dos seus dirigentes os quais, não raras vezes, vivem num conhecido regime de promiscuidade com diversos agentes políticos.

Só que o garrote também começou há algum tempo a apertar as Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e outros organismos dependentes do Orçamento do Estado. E, perante a progressiva incapacidade destes, os clubes de futebol, desprotegidos, ficam na primeira linha dos atingidos por tais repercussões.

Não está certamente longe o tempo em que tudo irá ficar clarificado. No entanto, até lá, ainda continuarão por aí os arautos de incríveis alargamentos e de outras despudoradas manobras de bastidores, que podem enganar alguns mas não enganam todos.

E, cada vez mais, nos daremos conta dos atropelos cometidos contra os mais importantes profissionais do futebol, os jogadores, que tantas vezes, ingenuamente, apõem de boa-fé a sua assinatura num contrato de trabalho sem desconfiar que tudo não vai além de uma trapaça.