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Francisco Sarsfield Cabral

Semana Santa

03 abr, 2012 • Francisco Sarsfield Cabral

Hoje, a maioria da sociedade portuguesa passa ao lado do sentido religioso da Páscoa

Semana Santa
Para os mais velhos, como é o meu caso, a Semana Santa na actual sociedade portuguesa provoca alguma nostalgia. Há cinquenta anos, este período era em geral respeitado. Por exemplo, na Sexta-feira Santa raras eram as salas de cinema que abriam.

Hoje, pelo contrário, a maioria da sociedade portuguesa passa ao lado do sentido religioso da Páscoa. O catolicismo, dantes dominante na vida nacional, passou a representar entre nós uma minoria.

Ora não podemos quedar-nos pela nostalgia. Agora só é católico em Portugal quem o quiser ser, por opção consciente. No passado, ser católico era em larga medida uma questão de fazer como os outros e como era tradição.

Há, assim, um ganho de qualidade na prática cristã. Não porque os católicos sejam melhores do que quaisquer outros. Mas porque numa sociedade descristianizada, onde os valores dominantes estão em regra longe dos valores evangélicos, os católicos necessitam de uma fé que não assente apenas no hábito sociológico. E que saiba dialogar com os não crentes, dando-lhes a razão dessa fé.