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Ribeiro Cristóvão

Apitadelas

29 mar, 2012 • Ribeiro Cristóvão

Os árbitros tomaram a iniciativa de se colocarem também no centro do furacão que continua a agitar o futebol sem dar mostras de amainar nos dias que vão seguir-se.

Apitadelas

Com a época quase a chegar ao fim, os árbitros tomaram a iniciativa de se colocarem também no centro do furacão que continua a agitar o futebol sem dar mostras de amainar nos dias que vão seguir-se. E assim, voltaram com uma velha ameaça que se traduz em fazer parar os campeonatos devido à greve que estão decididos a empreender.

É uma rábula sem sentido, mesmo que se compreendam algumas razões da classe. O borburinho gerado à volta de actuações de alguns juízes e a repercussão pública que se lhe seguiu, com ameaças de toda a ordem à mistura, talvez justifiquem uma reacção de todo o corpo arbitral, sem que no entanto atinja tais proporções.

De resto, os árbitros também têm deixado à vista muitas fragilidades. Tudo começou quando dois deles se recusaram a dirigir um jogo em que interveio o Sporting em Aveiro, e com eles foram solidários os demais. Como a justiça desportiva também funciona mal em Portugal, todos nos lembramos do ror de tempo que demorou a chegarem os castigos.

Assim como recordamos a aldrabice em que se tornaram recentes provas físicas dos juízes, durante as quais, para compensar os visados pelo castigo federativo, todos os outros aceitaram participar numa farsa que permitiu, na prática, reduzir a nada a suspensão que fora aplicada. E tudo isto perante o silêncio cúmplice dos responsáveis federativos.

É verdade que importa salvaguardar a tranquilidade com que deve decorrer a ponta final dos campeonatos, já de si agitados pelas dúvidas sobre quem vai ganhar ou sairá vencido nas contas finais. E isso passa, necessariamente, por alguma contenção em relação à actuação dos árbitros, que exigem não sejam feridas a sua honra, dignidade e segurança.

Só que, por terem tantos telhados de vidro, talvez pudessem ter optado por apresentar o seu caderno reivindicativo de forma mais discreta e menos radical. Veremos se não se tornaram também eles incendiários num fogo cujas labaredas já vão escusadamente altas.