Sol de Inverno

Não é o sol de Inverno, título da canção que há muitos anos Portugal levou a um festival da Eurovisão, mas antes aquele que retrata o estado actual dos nossos representantes na Liga dos Campeões. Quentes por fora, frias por dentro. Ambas, Benfica e Porto, embora com estados de alma diferentes.

Aparentemente mais tranquila é a situação dos encarnados: partilham o primeiro lugar do grupo com o adversário desta noite, e caso consigam um resultado positivo, poderão desde logo assinar a cartilha que permita transitar para a fase que virá a seguir. Porém, o lugar que mais interessa, o primeiro, não passa, neste momento, de uma miragem.

O Manchester é forte o suficiente para confirmar, ao longo de noventa minutos, que quem manda em Old Trafford ainda é essa velha raposa do futebol que dá pelo nome de Alex Ferguson. E Jorge Jesus talvez se fique pela única comparação possível com o técnico escocês: ambos são capazes de passar um jogo inteiro a disfarçar intenso nervosismo mascando pastilha elástica.

Já aos azuis da Invicta está reservada uma tarefa bem mais difícil, para a qual também concorre um momento particularmente agitado. O sonho de ir mais além na Liga dos Campeões poderá desvanecer-se amanhã à noite, e com isso acentuar uma crise que já não escapa aos olhos de ninguém.

Para Vítor Pereira, o jogo na Ucrânia poderá até transformar-se numa macabra “festa de despedida”, se os jogadores persistirem em actuar muito abaixo do nível que se lhes exige, e que estranhamente não têm atingido. Mas mesmo vencendo o Shakhtar, a rota europeia dos portistas poderá confinar-se apenas à Liga Europa, porque há pelo meio outros interessados no mesmo negócio.
 
Apesar de tudo, não seria nada mau para quem tem vindo a deixar cair assustadoramente níveis que ainda há meio ano fizeram subir a equipa ao galarim com a conquista de mais um título europeu.