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Francisco Sarsfield Cabral

Facilitismo fatal

15 nov, 2011

As más surpresas deste ano elevam o défice para cerca de 8% do PIB.

Facilitismo fatal
A divisão entre o Governo PSD-CDS e a oposição do PS a propósito do Orçamento para 2012 pode resumir-se a isto: os socialistas afirmam que há uma folga nas contas, a qual deveria ser aproveitada para atenuar a austeridade, retirando apenas um dos dois subsídios (de férias e de Natal) aos funcionários públicos e aos pensionistas. Pelo contrário, o Governo assegura que não existem folgas nem almofadas.

Ora, ainda que existissem as tais folgas, parece de elementar prudência mantê-las. É que nas nossas finanças públicas sucedem-se os “buracos” inesperados. Este ano foi a Madeira, uma parte do BPN, etc. Antes, tivemos PECs a seguir a PECs, porque os anteriores afinal não eram suficientes. E ainda há o enorme passivo das empresas públicos de transportes. O facilitismo revelou-se sistematicamente fatal.

As más surpresas deste ano elevam o défice para cerca de 8% do PIB. Este défice ainda pode ser reduzido para a meta de 5,9% com medidas extraordinárias, que em 2012 já não serão permitidas, em princípio. Seria irresponsável não acautelar a probabilidade de novas surpresas para o ano.