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A corrupção como sistema

14 jul, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

É triste haver políticos sob graves suspeitas. Mas, por outro lado, é positivo que os chamados “poderosos” não estejam agora ao abrigo de processos criminais.

O primeiro-ministro da Roménia, Victor Ponta, foi judicialmente acusado de vários casos de fraude fiscal, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro. Demitiu-se. O que temos visto por cá (Sócrates, Vara, etc.) não é uma excepção.

É triste haver políticos sob graves suspeitas. Mas, por outro lado, é positivo que os chamados “poderosos” não estejam agora ao abrigo de processos criminais – que podem ou não confirmar as suspeitas.

Falando na Fundação Gulbenkian na semana passada, o ex-Presidente da República do Brasil Fernando Henrique Cardoso não escondeu a sua preocupação com o alastrar dos processos de corrupção no Brasil – sem deixar de reconhecer o lado positivo da actuação da justiça.

O que mais alarma F. H. Cardoso é a corrupção no Brasil ter abandonado a “forma tradicional” (ou seja, obter favores através de contactos individuais em troca de um qualquer tipo de pagamento) para se tornar um sistema, envolvendo partidos políticos e empresários.

Resta esperar que a acção da justiça, no Brasil e noutros países, incluindo Portugal, consiga travar essa corrupção sistémica.