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Raquel Abecasis

"Bora" aí brincar à crise grega?

03 jul, 2015 • Raquel Abecasis

Os políticos portugueses, todos os políticos, voltam a demonstrar que acham que isto da Grécia é uma brincadeira bem boa para jogar em tempo de campanha eleitoral.

Portugal é um país de brandos costumes e, portanto, pouco dado a cenários dramáticos que nos possam afectar seriamente. Foi por isso que achámos que podíamos escapar a um resgate, em 2011, se nos fizéssemos de portugueses e, principalmente, se mostrássemos que entre nós e a Grécia não havia qualquer relação ou semelhança.

Agora, os políticos portugueses, todos os políticos, voltam a demonstrar que acham que isto da Grécia é uma brincadeira bem boa para jogar em tempo de campanha eleitoral.

Durão Barroso diz que se não fosse Passos Coelho, nós também éramos como a Grécia. Passos Coelho já nos tinha dito que, se não tivesse sido Durão Barroso, nós também éramos como a Grécia. António Costa diz que nós temos é inveja dos gregos. Os outros partidos à esquerda e Pacheco Pereira dizem que os gregos é que são bons e nós ainda nos vamos arrepender de não fazer como eles.

Está tudo dito, a narrativa grega dá para todos os gostos, até para animar a mais recente "vernissage", do mais recente ex-político que não quer voltar à política, porque agora é que está bem na vida. Vá-se lá saber porque é que estamos todos mal na vida, mas Miguel Relvas está bem.

Diz o Dr. Durão Barroso que são os do aparelho partidário que conhecem melhor o país e dizemos nós que, quando saem do aparelho, os do aparelho ficam também a conhecer muito bem o estrangeiro. Até pode ser que a crise grega possa passar ao lado de alguns ex-políticos que gostam de brincar aos "gregos e troikanos", mas, para os que cá estão, a Grécia não é uma brincadeira, é uma incógnita que ainda nos pode trazer muito sofrimento.