Se em Bruxelas toda a gente sabia que os gregos faziam batota, por que motivo ao longo de mais de três décadas não interveio a Comissão Europeia de forma decidida e eficaz?
A Grécia aderiu à CEE em 1981, cinco anos antes de Portugal e Espanha. Mas cedo as instâncias comunitárias se deram conta de que a Grécia não estrava preparada para as exigências de pertencer à CEE. Só que não fizeram uma pressão minimamente forte para que os gregos mudassem de comportamento.
A história repetiu-se com a entrada da Grécia na zona euro, em 2001 – dois anos depois de Portugal, que integrou o grupo fundador.
Os gregos continuaram a driblar as regras, agora da moeda única. A coisa culminou em 1999, quando o Pasok de Papandreou ganhou as eleições e, depois de tomar posse, descobriu que o anterior governo havia aldrabado as contas do défice orçamental. O défice real era o dobro do anunciado…
Pergunta-se: se em Bruxelas toda a gente sabia que os gregos faziam batota, por que motivo ao longo de mais de três décadas não interveio a Comissão Europeia de forma decidida e eficaz? Talvez fosse mais cómodo não levantar ondas e deixar andar.
Viu-se no que deu. Nisto, tem culpas a Comissão, não a actual, mas as anteriores. No meio do drama grego, convém não esquecer essa irresponsabilidade.