O enigma

Joseph Blatter não quer, definitivamente, abandonar o lugar de presidente da FIFA, para o qual foi eleito há menos de um mês, tendo alguns dias depois resignado com o anúncio de iria manter-se no cargo até Janeiro, altura em que está marcado o próximo acto eleitoral.

Até essa altura, fez saber o dirigente suíço, o seu tempo vai ser ocupado na criação de reformas profundas, que considera indispensáveis para o bom funcionamento da maior instituição do futebol mundial.

Perante tão estranho propósito de Blatter, é caso para perguntar o que andou a fazer este cavalheiro durante os dezoito anos de presidência, durante os quais não suscitou reformas de qualquer espécie, antes permitiu que à sua volta gravitasse a corrupção e atingisse proporções verdadeiramente escandalosas?

O Parlamento Europeu assumiu ontem o desejo que ver Joseph Blatter apeado do cadeirão da FIFA, não como um apelo, mas sim como um ultimato, resolução face à qual um porta-voz daquele organismo do futebol manifestou grande perplexidade.

“A FIFA funcionou durante vários anos como uma organização inimputável, opaca e manifestamente corrupta”, lê-se no documento emanado pelos eurodeputados sediados em Bruxelas.

Joseph Blatter tem os dias contados. O enigma que está por esclarecer assenta apenas nas dúvidas que permanecem sobre as razões que levam aquele dirigente a persistir em manter-se no lugar. Só que dúvidas como esta, mais tarde ou mais cedo, acabam sendo totalmente e bem esclarecidas.