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Raquel Abecasis

“Que se lixem as eleições”, uma estratégia vencedora

04 jun, 2015

Na política, como no futebol, quando se entra no campo pouco interessa o espectáculo, interessa só ganhar.

Meses depois, Passos Coelho volta ao mesmo lema: Programa? Propostas? Não, eu dou garantias! Os portugueses conhecem-me e sabem que não me desvio do rumo e foi assim que consegui tirar Portugal da bancarrota.

Esta é a estratégia. É pouco dirão alguns, é um vazio, dirão outros. Mas na política, como no futebol, quando se entra no campo pouco interessa o espectáculo, interessa só ganhar. Passos Coelho, mais do que Portas, sabe que este é o seu principal trunfo eleitoral.

Os portugueses gostam de um homem que não muda de rumo, de um homem que não se deixa afectar pelas críticas e sobretudo de um homem que foi capaz de pôr o seu parceiro no bolso, apesar de Portas ser considerado o grande génio da política portuguesa e Passos Coelho o líder com pouca sabedoria política.

Cavaco não é um político, lembram-se? E no entanto com este discurso foi dez anos primeiro-ministro e outros dez Presidente da República, eleito por uma larga maioria de portugueses.

Passos Coelho aposta na mesma receita. Começou por ser o antiSócrates e passou a antipolítico.

O que a coligação veio ontem dizer ao país é que não contem com promessas. As garantias são um truque à Portas, mas Passos Coelho fala só de resultados: a troika já la vai, o desemprego está a baixar, as notícias mais recentes falam do consumo interno a aumentar.

Veremos se a estratégia resulta mais uma vez. Mas não será por acaso que ainda esta semana António Pinto Leite – um dos homens da Nova Esperança que levaram Cavaco à liderança do PSD – colocou Passos Coelho no pódio dos melhores primeiros-ministros que Portugal já teve.

Ele lá sabe do que fala.