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Francisco Sarsfield Cabral

O sarilho grego

04 jun, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

O problema mais sério da Grécia é não dispor de um Estado digno desse nome. Foi um erro ter admitido o país na zona euro e até na própria União Europeia.

Vítor Bento disse há dias que a discussão do problema da Grécia “está demasiado centrada na dívida”, pois a grande dificuldade situa-se mais na economia grega, que é desestruturada e necessita de responder aos desafios da globalização.

Concordo, e acrescento que, porventura, o ainda mais sério problema grego é não dispor de um Estado digno desse nome. Daí, além do mais, a fraca arrecadação de impostos naquele país.

Para o Syriza, uma aglomeração de partidos de extrema-esquerda que ainda há pouco eram contra o euro, a UE e a NATO, seria sempre muito difícil entender-se com os parceiros europeus, o BCE e o FMI. Aliás, a ala mais à esquerda do Syriza ameaça bloquear qualquer acordo que Tsipras consiga.

Também do lado das “instituições” (como agora se chama a antiga “troika”) tem havido divergências. Por exemplo, entre a Comissão Europeia e o FMI quanto ao valor do excedente primário (isto é, sem juros) a que Atenas se deverá comprometer nas contas do Estado.

O erro foi ter admitido a Grécia na zona euro. E, antes disso, na própria UE. Agora, o sarilho é inevitável.