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Ribeiro Cristóvão

Cair da cadeira

03 jun, 2015 • Ribeiro Cristóvão

Joseph Blatter pode não ter sido um agente directo da corrupção, mas não pode invocar desconhecimento de tudo quanto se passava à sua volta. Face às detenções e às suspeitas levantadas sobre alguns dos seus mais próximos, decidiu demitir-se.

Passaram apenas quatro dias sobre o momento solene em que Joseph Blatter confirmou a sua disponibilidade e vontade para exercer um novo mandato de quatro anos à frente dos destinos do maior organismo do futebol mundial, a FIFA.

Ontem, perante a surpresa geral, o mesmo protagonista saía a terreiro para anunciar a sua saída de uma corrida que já de si se adivinhava muito difícil, e a próxima convocação de um Congresso eleitoral que, entre Dezembro e Março do próximo ano, escolherá o novo timoneiro para um organismo ao qual se reconhece, sem favor, uma importância transcendente e perante o qual se curvam até muitos “senhores” da política mundial.

O tema central é o mesmo da semana anterior, ou seja, a corrupção que grassa no seio da FIFA desde há muitos anos e à qual as autoridades decidiram dar combate a partir de investigações muito apuradas levadas a cabo por agentes norte-americanos.

Face às detenções já efectuadas e às suspeitas levantadas sobre alguns dos seus “compagnons de route”, Joseph Blatter resolveu bater na tecla do retrocesso e fazer uma leitura mais abrangente das circunstâncias que estiveram na origem de tanta desconfiança.

O ainda presidente da FIFA pode não ter sido um agente directo da corrupção, mas também não pode invocar desconhecimento de tudo quanto se passava à sua volta. E porque assim é, Blatter decide abandonar a cadeira em que permaneceu sentado durante quase duas décadas, de um modo geral mal rodeado, para assim tornar possível o regresso do futebol a um desejado estado de credibilização.

O futuro está rodeada de grandes incógnitas, inclusive a de se saber se tudo quanto está agora a passar-se ainda vem a tempo para se alcançar a salvação.