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Francisco Sarsfield Cabral

Sentido de Estado na pré-campanha

27 mai, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

O Estado Social está em crise, mas não são de esperar consensos entre os principais contendores das próximas eleições. O mais que se pode exigir à demagogia eleitoral é que não atinja níveis tais que ponham em causa futuros acordos.

O Estado Social é recente no nosso país. Praticamente, só emergiu depois do 25 de Abril. Entretanto, modificaram-se, para pior, as condições de sustentabilidade desse mecanismo de justiça social. Acontece em quase toda a parte, mas sobretudo entre nós.

Por dois motivos, sobretudo: porque a economia portuguesa quase estagnou a partir de 2000 (ainda quando havia crédito fácil e barato, depois veio a crise da dívida pública); e porque, com a brutal baixa da nossa taxa de natalidade, o envelhecimento da população implica mais encargos para o Estado.

Não é só a Segurança Social que está em causa – são todos os apoios sociais. Nesta fase pré-eleitoral, em que os principais contendores (PSD-CDS de um lado, PS do outro) procuram acentuar as suas divergências para bipolarizar o eleitorado, será inútil esperar quaisquer consensos.

O mais que se pode exigir à demagogia eleitoral é que não atinja níveis tais que ponham em causa futuros acordos – que serão indispensáveis, ganhe quem ganhar em Outubro, mesmo com maioria absoluta. É questão de um mínimo de sentido de Estado.