O Estado Social está em crise, mas não são de esperar consensos entre os principais contendores das próximas eleições. O mais que se pode exigir à demagogia eleitoral é que não atinja níveis tais que ponham em causa futuros acordos.
O Estado Social é recente no nosso país. Praticamente, só emergiu depois do 25 de Abril. Entretanto, modificaram-se, para pior, as condições de sustentabilidade desse mecanismo de justiça social. Acontece em quase toda a parte, mas sobretudo entre nós.
Por dois motivos, sobretudo: porque a economia portuguesa quase estagnou a partir de 2000 (ainda quando havia crédito fácil e barato, depois veio a crise da dívida pública); e porque, com a brutal baixa da nossa taxa de natalidade, o envelhecimento da população implica mais encargos para o Estado.
Não é só a Segurança Social que está em causa – são todos os apoios sociais. Nesta fase pré-eleitoral, em que os principais contendores (PSD-CDS de um lado, PS do outro) procuram acentuar as suas divergências para bipolarizar o eleitorado, será inútil esperar quaisquer consensos.
O mais que se pode exigir à demagogia eleitoral é que não atinja níveis tais que ponham em causa futuros acordos – que serão indispensáveis, ganhe quem ganhar em Outubro, mesmo com maioria absoluta. É questão de um mínimo de sentido de Estado.