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Ribeiro Cristóvão

Abanão em Madrid

26 mai, 2015

Olha-se para o Barcelona e constata-se uma diferença substancial face ao seu rival da capital, e que tem a ver com os “egos” criados e alimentados em Madrid, mas que na Catalunha não têm direito de admissão.

Em dois anos, ganhou a Liga dos Campeões, o Mundial de Clubes, algo que o Real Madrid não lograra vencer em toda a sua história, a Supertaça europeia, e a Taça do Rei.

Há um ano era herói com a conquista da “décima”, agora sai pela porta dos fundos.
Ou seja, uma mão cheia de conquistas, ao longo de duas temporadas, não chegou para evitar que Carlo Ancelotti fosse despedido do comando da equipa madridista.

É a vida, como usa dizer-se no futebol em circunstâncias como esta.

A mesma vida que determinara antes a saída de José Mourinho e de tantos outros que já passaram pelo clube merengue no reinado do presidente Florentino Pérez.

Em doze anos, o número de treinadores que passaram por Madrid atinge uma soma verdadeiramente astronómica, ou seja, nada menos do que nove.

Este quadro chama-nos a atenção, com toda a clareza, para os problemas que atingem o Real Madrid há várias décadas.

E muitos desses problemas começam dentro do balneário, projectando-se para uma massa associativa muito complicada sobre a qual os dirigentes exercem uma reduzida influência.

Mais longe, olha-se para o Barcelona e constata-se o seu sucesso que permite concluir que para o alcançar existe uma diferença substancial face ao seu rival da capital, e que tem a ver com os “egos” criados e alimentados em Madrid, mas que na Catalunha não têm direito de admissão.

Basta ver o que se passa com Messi, a estrela maior do Barça, para se concluir que em Camp Nou o emblema está acima de tudo e de todos.

Carlo Ancelotti é apenas mais uma vítima do “sistema” merengue, apesar de ter podido contar com apoios fortes no seio do seu elenco, dos quais se destaca o do próprio Cristiano Ronaldo.

Soube-se que alguns deles choraram quando tiveram conhecimento da notícia do despedimento do seu treinador.

O sucessor do técnico italiano já está a caminho e será anunciado em breve.

E porque Florentino Perez deseja alguém que fale castelhano, as atenções estão quase todas viradas para Rafa Benítez, a quem resta apenas mais uma semana à frente do Nápoles, no qual tanto havia prometido sem que algo de significativo tenha conquistado.