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Pedro Azevedo

Com justiça e mérito

17 mai, 2015 • Pedro Azevedo

O novo bicampeão foi prático, realista e experiente. Com estas divisas, Jorge Jesus foi capaz de manter a dinâmica de vitória.

O Benfica é um campeão justo e meritório. Justo por ter sido a equipa mais regular. Comanda o campeonato há oito meses. Saltou para a liderança à 5ª jornada, a 21 de Setembro. Justo porque tem o melhor ataque, em casa e fora, e o maior número de vitórias na competição. Justo porque é também o primeiro num campeonato virtual dos grandes.

Nos clássicos, o Benfica totalizou seis pontos, mais um que o FC Porto e mais três que o Sporting. No confronto directo com o FC Porto, o Benfica ganhou no Dragão e empatou na Luz. E o triunfo na casa do rival nortenho, a 14 de Dezembro, acabou por ser o jogo chave do campeonato. Se o resultado fosse ao contrário, o FC Porto estaria a festejar nos Aliados…

O Benfica é também um campeão meritório. Recorde-se que a equipa perdeu Oblak, Garay, Siqueira, André Gomes, Rodrigo, Cardozo e Markovic, no último Verão. Devido a lesões graves, contou pouco com Rúben Amorim e Fejsa, ao longo da época, e no mercado de Janeiro transferiu Enzo Pérez.

O mérito do treinador
Jorge Jesus teve o mérito de encontrar soluções e não dramatizar o discurso perante baixas tão importantes. Talisca, Samaris e Jonas foram contratações acertadas, bem como a adaptação de Pizzi, e a permanência de nomes que não nasceram na casa, mas dão forma material ao padrão da cultura do clube como Luisão, Maxi, Salvio, Gaitán e Lima.

O Benfica de Jorge Jesus não tem o virtuosismo do grupo de jogadores que com Eriksson foi pela última vez bicampeão nacional, em 1984. Este está mais distante da excelência mas é mais pragmático. Basta assinalar um dado estatístico inédito num campeão. O Benfica está entre as equipas do campeonato com mais faltas cometidas, sendo mesmo assim uma das mais disciplinadas, no que toca a cartões.

O novo bicampeão foi prático, realista e experiente. Com estas divisas, Jorge Jesus foi capaz de manter a dinâmica de vitória. O treinador e a estrutura do futebol liderada pelo presidente do clube e da SAD, Luís Filipe Vieira, são dignos de louvor também porque deixaram para trás o FC Porto mais caro de sempre e um Sporting de candidatura assumida mas autodestruída.