Tempo
|

Francisco Sarsfield Cabral

Critérios editoriais

12 mai, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

O grau em que o comentário mediático está hoje entregue a políticos é uma anormalidade.

Os jornais, rádios e televisões reclamam contra as limitações à liberdade editorial durante os períodos de campanha e pré-campanha eleitoral. Fazem bem, até porque, da parte de parlamentares, surgiram propostas aberrantes, entretanto deixadas cair.

Mas as direcções dos “media” têm um ponto fraco: o enorme espaço de comentário que elas, sobretudo na televisão, concedem a ex-políticos ou a pessoas temporariamente afastadas da política. Assim abdicando do predomínio do comentário de jornalistas ou de pessoas sem ligações político-partidárias.

Percebe-se: os políticos, mesmo os “ex”, são conhecidos do público, o que atrai leitores, ouvintes e telespectadores. Em contrapartida, os comentários dos políticos ou ex-políticos sofrem de perda de credibilidade: até que ponto reflectem uma agenda política própria ou um ajuste de contas com adversários políticos recentes?

Seria errado afastar do comentário mediático toda a gente ligada à política. Mas o grau em que esse comentário em Portugal está hoje entregue a políticos não tem paralelo noutros países democráticos. É uma anormalidade.