Lições britânicas

11 mai, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

A quebra da votação nos trabalhistas reforça o declínio do socialismo democrático na Europa. Falta ver o que consegue o primeiro-ministro de França, que tem contra si a esquerda do PS francês e se, por cá, as propostas dos economistas serão deitadas para o caixote do lixo pelo Partido Socialista.

A vitória de David Cameron nas eleições britânicas mostrou ser possível governar com austeridade e ganhar eleições a seguir. Boas notícias para Passos Coelho, Mariano Rajoy, etc.

Claro que a recuperação económica no Reino Unido é mais substancial do que a nossa. Mas os défices orçamental e externo daquele país são mais altos do que os portugueses – só que o Reino Unido não está no euro.

A quebra da votação nos trabalhistas, em parte resultante da fraca qualidade do seu ex-líder Ed Milliband, reforça o declínio do socialismo democrático na Europa. O qual paradoxalmente vem do colapso do comunismo e não foi travado pela crise financeira global desencadeada em 2008.

Blair tentou modernizar o socialismo com a “terceira via”, mas a aposta na guerra do Iraque tirou-lhe credibilidade. Ed Milliband virou à esquerda e reaproximou o partido dos sindicatos. Falhou.

Falta ver o que consegue Manuel Valls, primeiro-ministro de França, que tem contra si a esquerda do PS francês. Ou se, por cá, as propostas dos 12 economistas serão deitadas para o caixote do lixo pelo PS.