Tempo
|

Eunice Lourenço

Tem uma nova mensagem

06 mai, 2015

O que importa já não é saber o que se passou, mas sim por que é que Passos Coelho decidiu voltar ao assunto num livro de propaganda.

Foi por SMS, carta, mail ou boca??? Cruzando todas as fontes, terá sido por todos estes meios que Paulo Portas se demitiu em Julho de 2013.

As versões do primeiro-ministro, que, no livro “Somos o que escolhemos ser”, diz que Portas se demitiu por mensagem de telemóvel, e do agora vice-primeiro-ministro, que, através de um comunicado da assessoria de imprensa do CDS, assegura que formalizou a decisão por carta, não são contraditórias, nem se excluem.

Cada um acentua o que lhe interessa. E nada disso agora interessa. O que importa é perceber por que é que Pedro Passos Coelho resolveu voltar a este assunto agora, num livro de propaganda, duas semanas depois de os dois partidos acertarem a coligação para as eleições legislativas e numa altura em que já vivemos em pré-campanha eleitoral.

Se foi por acaso, é incompetência. Afinal trata-se de uma biografia autorizada pelo próprio Pedro Passos Coelho, que nela colaborou, feita por uma assessora do grupo parlamentar do PSD e promovida pelo partido. Não haveria qualquer dificuldade em controlar o produto final, pelo que é difícil pensar que voltar à crise de 2013 com uma versão polémica tenha sido obra do acaso, mas é possível que tenha sido, dado o histórico de incompetências comunicacionais desta coligação.

Se foi de propósito, parece uma estratégia completamente errada. Irritar o parceiro de coligação e lembrar como este é um frágil casamento de conveniência, não é de certeza o melhor caminho para uma campanha sem intrigas e amuos e muito menos parece favorecer um bom resultado eleitoral. Mas Passos Coelho gosta de dizer que não orienta as suas palavras e as suas decisões pela vontade de vencer eleições. Pelos vistos - e como mostram este episódio e o elogio a Dias Loureiro - , nisso é coerente.