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Francisco Sarsfield Cabral

A deriva húngara

05 mai, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

A Hungria tem tomado posições nada consistentes com os ideais da integração europeia. Admirador de Putin, o seu primeiro-ministro já declarou que a Hungria é uma “democracia iliberal” e vai, com financiamento russo, construir uma central nuclear.

Há dias considerei um sinal da quebra dos valores europeus a lamentável maneira como a UE tem lidado com a tragédia dos imigrantes no Mediterrâneo. Infelizmente, há outros sinais.

Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria, Estado-membro da UE, admitiu reintroduzir a pena de morte. Algo que aos portugueses choca particularmente, pois fomos o primeiro país europeu (exceptuando o Grão Ducado da Toscana) a abolir a pena de morte (1867), tendo a última execução em Portugal acontecido em 1846.

Ora, a Carta dos Direitos Fundamentais da UE proíbe a pena capital, como o presidente da Comissão Europeia lembrou.

O actual governo húngaro já havia tomado posições nada consistentes com os ideais da integração europeia. Por exemplo, ao limitar a independência do poder judicial, bem como a liberdade de expressão. Admirador de Putin, V. Orban declarou que a Hungria é uma “democracia iliberal”. E é com financiamento russo que aquele país vai construir uma central nuclear.

Por muito graves que sejam – e são – outros problemas que a UE enfrenta, não é aceitável passar em claro a deriva húngara.