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Francisco Sarsfield Cabral

Conversa de surdos

04 fev, 2015

Como Pires de Lima reconheceu, a resistência das empresas, sobretudo as de menor dimensão, a abrir o seu capital tem a ver com a nossa mentalidade individualista. À qual não agrada passar de uma gestão familiar para uma gestão mais profissional.

Parece uma conversa de surdos, que se prolonga desde há muito. Os empresários queixam-se dos bancos, dizendo que o crédito está difícil e caro; por sua vez, a banca garante não restringir empréstimos, só que não aparecem projectos válidos em número significativo.

Vários bancos têm apresentado prejuízos, o que os obriga a serem mais cuidadosos e exigentes na concessão de crédito. Por sua vez, as empresas nacionais, as mais endividadas da Europa, são também aquelas que menos capitais próprios possuem e por isso dependem demasiado do crédito bancário.

O ministro da Economia apelou aos empresários para abrirem o seu capital a novos sócios ou investidores. A conversão de dívida em capital é um caminho possível.

Como Pires de Lima reconheceu, a resistência das empresas, sobretudo as de menor dimensão, a abrir o seu capital tem a ver com a nossa mentalidade individualista. À qual não agrada passar de uma gestão familiar para uma gestão mais profissional. Ora mudar mentalidades não é coisa fácil, mesmo quando as circunstâncias aconselham tal mudança.