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Francisco Sarsfield Cabral

Draghi, o bombeiro do euro

23 jan, 2015

Há risco de fragmentação da moeda única. E os investidores serão menos atraídos por dívida como a portuguesa. Mas se o programa se revelar eficaz, o que implica concretizar reformas, terá valido a pena.

Os países da zona euro com problemas de dívida pública perderam competitividade no mercado global. Recuperar competitividade exige reformas. Mas as reformas tardam em Itália e França; e Portugal devia ter ido mais longe neste campo. A Espanha fez reformas e por isso a sua economia é a que mais cresce na zona euro.

A oposição alemã à compra de títulos de dívida soberana pelo BCE argumenta que esse programa, ontem finalmente anunciado, retira pressão sobre os governos para fazerem reformas. Draghi insistiu na necessidade de reformas, sabendo que, só por si, o BCE não é capaz de relançar a economia europeia, apenas dará uma ajuda.

Para avançar, Draghi teve que fazer uma concessão a Berlim: os riscos destas compras só em 20% são suportados pelo próprio BCE; os restantes 80% ficam a cargo dos bancos nacionais da zona euro. Há risco de fragmentação da moeda única. E os investidores serão menos atraídos por dívida como a portuguesa. Mas se o programa se revelar eficaz, o que implica concretizar reformas, terá valido a pena. Se não, terá sido inútil a acção do “bombeiro” Draghi.