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Francisco Sarsfield Cabral

Os extremos tocam-se

22 jan, 2015

Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, partido francês de extrema-direita, declarou esta semana desejar a vitória, na Grécia, do Syriza, partido de extrema-esquerda.

Há quem defenda que a distinção política entre esquerda e direita deixou de fazer sentido (quem diz isso geralmente está mais à direita do que à esquerda…). Parece-me um exagero, o que não me impede de reconhecer que, por vezes, os extremos se tocam.

Por exemplo, Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, partido francês de extrema-direita, declarou esta semana desejar a vitória, na Grécia, do Syriza, partido de extrema-esquerda.

Na perspectiva de Le Pen, os dois partidos aproximam-se na aversão ao “totalitarismo da UE e dos seus cúmplices, os mercados financeiros”. Antes, Marine Le Pen tinha mostrado simpatia pelo autoritarismo pouco democrático de Putin.

No fundo, nada disto é novo. Mussolini, o líder do fascismo em Itália, era inicialmente socialista.

Na Alemanha a designação “nazi” era a contracção do nome do partido de Hitler, nacional-socialista.

Também nessa extrema-direita havia uma dimensão anti-capitalista e anti-burguesa. O seu grande inimigo era a democracia liberal, que hoje é também detestada pelos extremos, à direita e à esquerda.