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Francisco Sarsfield Cabral

Ricos e pobres face ao ébola

31 dez, 2014

A comunicação social europeia quase deixara de falar dela desde que não houve mais europeus ou americanos afectados, mas em África o ébola tem continuado a matar milhares de pessoas

Uma enfermeira escocesa foi diagnosticada com ébola. A enfermeira regressava ao Reino Unido depois de ter estado na Serra Leoa como voluntária.

O caso trouxe a epidemia de ébola de novo para a comunicação social europeia, que quase deixara de falar dela desde que não houve mais europeus ou americanos afectados. Mas em África o ébola tem continuado a matar milhares de pessoas.

É compreensível esta diferença de atenção por parte dos media ocidentais. Mas impressiona. E chama a atenção para uma área onde essa diferença é ainda mais grave: a investigação farmacêutica. Diz-se que 90% dessa investigação, financiada sobretudo por empresas de medicamentos, vai para doenças que afectam sobretudo os países desenvolvidos. Apenas migalhas são aplicadas em investigação de doenças próprias de países pobres, onde as pessoas e as instituições não têm dinheiro para pagar os medicamentos e as vacinas daí resultantes. O caso do ébola é significativo: se há mais tempo o vírus tivesse surgido em países ricos provavelmente já haveria hoje uma vacina eficaz.