Emissão Renascença | Ouvir Online

Ribeiro Cristóvão

Em queda livre

12 dez, 2014 • Ribeiro Cristóvão

Envolto na auréola inesperadamente conquistada, Villas-Boas repetiu a saída pela porta dos fundos e, sem dar cavaco a Pinto da Costa e seus pares, rumou a Inglaterra.

Quando em 2010 o treinador Villas-Boas deixou a Académica de mãos a abanar porque se havia comprometido, à socapa, com o Futebol Clube do Porto, pairou no ar a ideia de que aquele poderia muito bem ser o momento ideal para se aferir da sua qualidade.

A ida para Coimbra já suscitara alguns murmúrios, por ter então constado que, antes disso, Villas-Boas se comprometera com o Sporting, mas tudo passou rapidamente ao esquecimento.

No Dragão, os tempos começaram a correr de feição, os títulos foram sendo sucessivamente conquistados, o que, do ponto de vista dos dirigentes nortenhos, até serviu para ajudar a vingar a saída abrupta, uns tempos antes, do treinador José Mourinho.

Envolto na auréola inesperadamente conquistada, Villas-Boas repetiu a saída pela porta dos fundos e, sem dar cavaco a Pinto da Costa e seus pares, rumou a Inglaterra para ali se comprometer com o Chelsea, na presunção de que estava em Stanfford Bridge a sua verdadeira rampa de lançamento e a consagração ambicionada.

A campanha não correu bem, o mesmo acontecendo logo a seguir no Tottenham.
Ainda assim, nada impediu que se lhe abrissem as portas milionárias da Rússia, onde o Zenit da antiga Leninegrado, imaginava que a chegada de Villas-Boas poderia representar a entrada no clube dos mais poderosos do velho continente.

Chegou-se agora à conclusão que, mais uma vez, tudo não passou de uma miragem, com a equipa russa a ser relegada para a Liga Europa, incapaz de justificar um investimento multimilionário, cujo retorno não se irá consumar.

Como consequência, são já das como certas as saídas de Hulk, Witsel, Javi Garcia e Garay as quais, a consumarem-se, deixarão treinador português reduzido à escassa prata da casa.

A boa estrela de Villas-Boas tende assim, cada vez mais, a empalidecer.
Ou seja, como bem diz o nosso povo, quando o salto é grande, maior é a queda, sobretudo quando não se está preparado para tal.

É que, tentar assemelhar-se a José Mourinho significa correr um risco para o qual nem todos estão verdadeiramente preparados.