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Francisco Sarsfield Cabral

Corrupção e confiança no Estado

17 nov, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

O escândalo em torno dos vistos gold é grave, mas é o fim do mundo, ou, pelo menos, o fim do regime? Nem tanto.

Lendo comentários a artigos e notícias que aparecem na net dir-se-ia que os nossos dirigentes políticos e empresariais são um bando de corruptos. Mas a sociedade portuguesa é complacente com a corrupção. Fugir aos impostos não implica uma sanção social, pelo contrário. E é preciso sortear carros para induzir as pessoas a pedirem factura. Quer dizer, a corrupção é horrível, excepto quando nos convém.

O escândalo em torno dos vistos gold é grave. Jamais em Portugal fora detido um director de uma polícia. Nem tantos altos quadros do Estado foram indiciados em eventuais crimes de corrupção. É o fim do mundo, ou, pelo menos, o fim do regime? Nem tanto.

Em Espanha e no Brasil (Petrobrás), para referir dois países que nos são próximos, estão em curso processos de corrupção mais graves. O caso português dos vistos gold suscita desconfiança quanto a certas polícias e a funcionários públicos de topo. Mais importante mas menos falado é o facto de gente tão importante ter sido alvo de investigações e de detenções. Um Estado corrupto nunca o faria. Esse é um factor de confiança no Estado.