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Francisco Sarsfield Cabral

Capacidade de resistência

14 out, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Portugal dependerá ainda durante anos dos investidores externos, que ao menor indício de falta de rigor na consolidação orçamental nos subirão os juros.

Pelo que se julga saber da proposta de Orçamento de Estado para 2015 e de leis autónomas que o acompanharão, foi pelo menos evitado maior perigo: o laxismo, consequência de considerações eleitoralistas. Porque na comunicação social surgiram anúncios de tantas “facilidades” durante as últimas semanas, há quem fique decepcionado.

Mas Passos Coelho percebeu que não podia ceder, pois perderia a coerência com o que fez desde que a troika chegou a Portugal. E sabe como o país dependerá ainda durante anos dos investidores externos, que ao menor indício de falta de rigor na consolidação orçamental nos subirão os juros.

Decerto que o governo de Passos Coelho cometeu muitos erros. Não concretizou um processo sério de reforma do Estado. Nos primeiros dois anos afastou o PS do cumprimento do programa que este partido negociara com a troika, inviabilizando futuros compromissos. E revelou incompetência em inúmeras áreas.

Mas, ouvindo o que têm dito as oposições e, por vezes, o próprio CDS, duvido que outro político tivesse a coragem e a resistência à impopularidade que Passos Coelho mostrou.