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Raquel Abecasis

Acabem com os concursos de professores

06 out, 2014 • Raquel Abecasis

A educação dos nossos filhos bem podia valer o preço de enfrentar a Fenprof.

Vivemos hoje mais um dia de indecisão na escola pública.

Um mês depois, o Ministério da Educação ainda anda enrolado em concursos e fórmulas para tentar colocar os professores nas escolas. Afinal, os que já estão colocados podem deixar de estar e os que agora foram colocados podem mudar de escola, e os alunos, quando têm a sorte de ter professor, ficam sentados na sala de aula a ver a dança das cadeiras dos professores.

E perguntam todos os que não são professores mas são pais: por que é que todos os anos temos que ver partir das escolas os professores de que todos gostam e que estão contentes nas escolas e temos que ficar à espera de novas caras?

Só no sector da educação ainda se pratica o modelo marxista de escolha centralizada de professores, partindo do princípio que os directores das escolas são uns malfeitores que, se lhes for dada a possibilidade de escolher o seu corpo docente, vão seguramente cometer toda a espécie de injustiças e atropelos.

Sendo certo que temos muito mais professores do que aqueles que são necessários, a Fenprof e o seu dirigente gerem a sua influência no sector, obrigando o país a sujeitar-se anualmente a um processo de escolha que não tem nada de eficaz. Os ministros sabem-no, mas têm medo de enfrentar o seu mais temível adversário. Esta é a explicação para que, ano após ano, se repita o absurdo destes concursos, que só servem para manter o poder de Mário Nogueira, que assim consegue garantir uma esperança de emprego, ainda que nunca certo, para milhares de professores.

Nos hospitais, nas empresas e nas escolas privadas a estabilidade do quadro de trabalhadores é essencial para o sucesso. Nas escolas públicas este devia ser também o critério para bem dos alunos e da qualidade do ensino.

É pena que o ministro da Educação, que no passado se bateu pela liberdade de educação e pela autonomia das escolas, não seja capaz de dar o simples passo de acabar com os malditos concursos e deixar os directores escolherem o seu corpo docente.

Afinal a educação dos nossos filhos bem podia valer o preço de enfrentar a Fenprof até porque, com concursos ou sem eles, o seu líder encontra sempre forma de derrotar os ministros da Educação. Esse é o segredo do seu sucesso: mostrar que tem mais poder.