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Raquel Abecasis

Quem disse que a liberdade se pode comprar?

01 out, 2014 • Raquel Abecasis

Os jovens de Hong Kong vêm despertar a consciência adormecida do mundo ocidental.

Hong Kong vive em manifestação há uma semana. É uma manifestação pacífica e civilizada, com caixotes do lixo para não deixar as ruas sujas e guarda chuvas para proteger os manifestantes dos ataques da polícia.

Mas sendo uma manifestação civilizada, não deixa de ser um facto que está a chamar a atenção de todo o mundo, que ainda se recorda de como em 1989 uma manifestação estudantil na praça Tiananmen acabou em derramamento de sangue e na condenação generalizada de toda a comunidade internacional, nalguns casos com sanções.

Agora são os jovens de Hong Kong – um território que viveu muito tempo sob administração britânica, a mais velha democracia do mundo – que não aceitam uma democracia “à la carte” do poder de Pequim. Querem poder escolher em inteira liberdade os seus líderes políticos e dizem que estarão na rua a dizer isso à China e ao mundo até conseguirem as suas pretensões.

A China é neste momento uma das maiores potências económicas do mundo, os seus cidadãos circulam e trabalham livremente em todo o mundo ocidental, incluindo aqui em Portugal, usufruindo da liberdade que querem recusar aos seus. Esta é uma realidade com que temos convivido cinicamente nos últimos anos, em nome do dinheiro.

Agora os jovens de Hong Kong vêm despertar a consciência adormecida do mundo ocidental, para eles o dinheiro não é tudo, mas pode ser uma arma útil para evitar que o poder de Pequim se permita reeditar Tiananmen e, já agora, dê passos decisivos na direcção da democracia, pelo menos em Hong Kong.

Este é o desfecho ideal da “manifestação dos chapéus-de-chuva”. Se assim não for, o mundo dará um passo fatal para se entregar, de olhos fechados, nos braços da ditadura do dinheiro.