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Francisco Sarsfield Cabral

A confiança e a emigração jovem

18 ago, 2014

Jovens recebem salários inferiores aos dos trabalhadores mais velhos, não obstante serem mais qualificados academicamente.

Notícias recentes revelaram que os jovens (dos 15 aos 29 anos) recebem hoje salários mais distantes dos salários, superiores, dos adultos, não obstante serem mais qualificados academicamente do que há anos atrás. Isto, claro, quando conseguem arranjar emprego em Portugal.

Os jovens também pensam na sua futura reforma. E como concluem pela fraca probabilidade de virem a obter uma pensão semelhante à dos pais e dos avós, aumenta o incentivo para emigrarem.

Na decisão do Tribunal Constitucional sobre o corte permanente proposto pelo Governo para as pensões mais altas (13% do total dos pensionistas) um dos argumentos para a sua rejeição – isto é, para não penalizar pensões já atribuídas - foi o princípio da confiança e dos direitos adquiridos.

Parece que não conta o problema da confiança dos jovens (ou da falta dela) num regime de segurança social que lhes assegure no futuro uma pensão razoável. Somando isto à falta de emprego e aos salários cada vez mais baixos dos jovens (pelo menos relativamente aos outros salários), só surpreende que eles não emigrem em maior número.