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Francisco Sarsfield Cabral

Berlim e as sanções à Rússia

06 ago, 2014

Merkel percebeu que Putin, actualmente apoiado por 83% dos russos, só iria moderar os seus instintos agressivos se houvesse sanções a sério.

O governo alemão cancelou um contrato de fornecimento à Rússia de equipamento militar no valor de 120 milhões de euros. O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Defesa do Bundestag afirmou que este cancelamento “é um exemplo para outros, também para a França”.

É que os franceses vão vender à Rússia dois navios porta-helicópteros, argumentando que o contrato estava em vigor antes da última decisão da UE sobre sanções contra Putin. Ora o contrato alemão foi fechado em 2010…

É significativa a mudança de posição da Alemanha quanto a sanções à Rússia. Numa primeira fase, a chanceler Merkel mostrou reticências a sanções duras. Há inúmeras empresas alemãs a laborar na Rússia. E são importantes as exportações da RFA para aquele país.

Mas Merkel percebeu que Putin, actualmente apoiado por 83% dos russos, só iria moderar os seus instintos agressivos se houvesse sanções a sério, que a população do país sentisse. Ainda que envolvendo também algum custo para quem as impõe.

É positiva a lucidez de Berlim quanto às prioridades da sua política externa.