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Francisco Sarsfield Cabral

A valia de um nome

01 ago, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

A perda do antigo capital de prestígio do nome Espírito Santo conta-se entre as vítimas deste desastre. Por culpa da família.

Em meados do século passado o nome Espírito Santo era respeitado nos meios financeiros internacionais. Foi essa rede de contactos que ajudou a família Espírito Santo, depois de o seu banco ter sido nacionalizado em 1975 e de ela ter emigrado.

Quando regressou e veio a recomprar o Banco Espírito Santo, a família teve que se associar a bancos estrangeiros de referência, como o Crédit Agricole. O facto de o Estado português não ter indemnizado em montantes razoáveis aqueles cujos bancos e empresas haviam sido nacionalizados levou a que se instalasse entre nós um “capitalismo sem capital”, muito dependente do crédito.

O BES precisa agora de um novo e grande aumento de capital. Mas, aí, o nome Espírito Santo não apenas de nada vale como até prejudica. É que a anterior administração do banco continuou a financiar empresas do grupo familiar, violando normas do Banco de Portugal e prejudicando o BES. E ocultou o facto nas suas contas. A perda do antigo capital de prestígio do nome Espírito Santo conta-se entre as vítimas deste desastre. Por culpa da família.