Emissão Renascença | Ouvir Online

Raquel Abecasis

Mário Nogueira ataca de novo

22 jul, 2014 • Raquel Abecasis

Face ao comportamento de Mário Nogueira, a quem ainda ninguém explicou que o PREC acabou, e a grupos que dão pelo nome edificante de "Boicote & Cerco", o ministro fez muito bem em tentar evitar que os representantes sindicais dos professores dessem um espectáculo ainda mais triste de si próprios.

O país assistiu mais uma vez a um espectáculo deprimente e deplorável, protagonizado por Mário Nogueira e seus “capangas” que já nos habituaram às suas actuações sempre que se fala em avaliação.

Nos últimos dias, ouviu-se um coro de indignação porque o ministro marcou a segunda chamada desta prova cinco dias antes de ela ocorrer, impedindo assim que o senhor Mário pudesse marcar a respectiva greve. Todo o país bem-pensante veio a correr indignar-se contra a falta de sentido democrático do ministro.

Depois do espectáculo das últimas horas, pergunto eu: onde está a censura às práticas indignas e vergonhosas do grupo do senhor Nogueira? Ou será que bater no sindicalista não dá popularidade?

Se nos lembrarmos do que aconteceu na primeira chamada deste exame, em que tudo foi feito como mandam as regras democráticas, não é difícil adivinhar o que aconteceria agora.

Em Dezembro, houve greve, gritos e até representantes sindicais de professores que, entre outras coisas, se acorrentaram às grades das escolas, onde é suposto diariamente ensinarem nas salas de aula. Mas isso, claro, é para os professores que dão aulas e não para os que sobrevivem à custa do salário sindical pago por todos nós.

Face ao comportamento do senhor Mário Nogueira, a quem ainda ninguém explicou que o PREC acabou, e a grupos de professores que dão pelo nome edificante de “Boicote & Cerco”, eu acho que o ministro da Educação agiu em legítima defesa e fez muito bem em marcar o exame tentando evitar que os professores – ou melhor, os seus representantes sindicais – dessem um espectáculo ainda mais triste de si próprios.

Depois de vermos a polícia a invadir o Parlamento, colocando a sua própria autoridade nas ruas da amargura, só nos faltava agora ver professores transformados em delinquentes porque não querem fazer exames e, já agora, jornalistas que em vez de se portarem como tal, se limitam a ser caixa-de-ressonância dos gritos sindicais, sem perguntas pertinentes, nem qualquer espécie de mediação.

Dito tudo isto, sobra ainda uma crítica ao ministério: se a tutela acha que aquele é um enunciado sério para avaliar os professores que ensinam os nossos filhos, então está aí a explicação para o nosso problema crónico de iliteracia.