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Ribeiro Cristóvão

Toque a reunir

22 jul, 2014 • Ribeiro Cristóvão

O tema escolhido para o debate de ideias parece fácil de adivinhar: procurar caminhos que levem a um entendimento efectivo entre todas as partes com o objectivo de colocar a salvo o futebol português.

Enquanto não surgem as prometidas notícias sobre a ampla reflexão promovida pela Federação Portuguesa de Futebol acerca da desastrada participação da nossa selecção no Mundial do Brasil, o Presidente Fernando Gomes tocou a reunir para convocar para esta terça-feira todos os Presidentes de clubes, juntando também a este grupo a primeira figura da Liga de Clubes, Mário Figueiredo.

De costas voltadas e remando quase sempre em sentido contrário, não sobram dúvidas sobre a necessidade deste encontro, que apenas peca por tardio.

O tema escolhido para o debate de ideias, que se impunha há muito tempo, parece fácil de adivinhar: trata-se de procurar caminhos que levem a um entendimento efectivo entre todas as partes com o objectivo de colocar a salvo o futebol português, num momento em que passa por uma situação delicada que tende a piorar à medida a que a própria situação do país se agrava a olhos vistos.

Os dirigentes dos clubes, que chegaram a reunir em bombas de gasolina numa suprema manifestação terceiro-mundista, cobrindo-se então de ridículo a si próprios e aos prestigiados clubes que representam, continuam no entanto a deixar à vista uma enorme falta de unanimidade, com alguns dos mais fortes colocados em pólos opostos da mesma barricada.

Daí que não se afigure fácil a tarefa que o Presidente federativo decidiu meter ombros.

No meio de tanta turbulência e de tantos interesses não coincidentes, resta saber que argumentos vai ser Fernando Gomes capaz de esgrimir na tentativa de lavar a face a um futebol que tem andado por maus caminhos nos últimos anos.

Cabe também aqui ao Presidente da Liga de Clubes tomar a iniciativa de construir pontes que permitam uma efectiva aproximação àqueles que representa e são, no fundo, a razão da sua existência e manutenção no cargo.

Veremos se o empenho colocado nesta cimeira não acaba por se transformar em mais um triste capítulo de uma história a que os adeptos portugueses dão cada vez menos importância.

E aqui a culpa é, sobretudo, dos dirigentes que continuam a fechar olhos e ouvidos à realidade.