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Francisco Sarsfield Cabral

O drama do interior

25 jun, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

O desaparecimento das aldeias em Portugal é praticamente irreversível. Temos a mais densa rede de auto-estradas da Europa (um exagero) e as pessoas já não querem viver onde não encontram possibilidades de valorização.

Foi anunciado o fecho de muitas escolas, neste ano e no próximo. Como seria de esperar, logo surgiram protestos das povoações que irão perder a sua escola. Protestos semelhantes se ouviram, e ouvem, a respeito do encerramento no interior de tribunais, de repartições públicas, etc.

O antigo ministro da Saúde António Correia de Campos, socialista, lamentou numa entrevista recente não ter sabido explicar à opinião pública a razão de fechar maternidades que faziam poucos partos.

É compreensível a revolta das pessoas (cada vez menos) que vivem no interior. Corta o coração ver aldeias de onde partiu quase toda a gente, sobretudo os jovens, restando apenas meia dúzia de idosos, em crescente solidão.

Mas há que encarar a realidade. E esta indica-nos que o desaparecimento das aldeias em Portugal é praticamente irreversível. Não por causa do isolamento geográfico: temos a mais densa rede de auto-estradas da Europa (um exagero). As pessoas simplesmente já não querem viver onde não encontram possibilidades de valorização.

Promovam-se, então, as cidades do interior.