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Ribeiro Cristóvão

A hora de mudar

24 jun, 2014 • Ribeiro Cristóvão

Sabendo-se que muitos dos jogadores que vestiram e prestigiaram “La Roja” durante cerca de uma década chegaram à porta de saída, o passo seguinte não deixará de envolver um debate muito sério sobre como construir uma nova geração de futebolistas vencedores. E por cá?

“Muito obrigado por estes anos de bom futebol, sonhos e títulos” – eis a mensagem do novo Rei de Espanha, em jeito de despedida, dirigida à selecção do seu país que começou a empreender um penoso regresso a casa, após um Mundial em que acumulou fracassos e esbanjou algum do prestígio que granjeou durante anos a fio.

Acredito que as palavras de Filipe VI podem igualmente ser repetidas pelos espanhóis que sempre viveram os sucessos da sua selecção, e também, porque não dizê-lo, por todos quantos, em todo o mundo, gostam de futebol e souberam sempre aplaudir a magia de um grupo que agora começa a desfazer-se.

Sabendo-se que muitos dos jogadores que vestiram “La Roja” durante cerca de uma década e a prestigiaram com as suas conquistas chegaram à porta de saída, o passo seguinte não deixará de envolver um debate muito sério sobre como vai ser possível construir uma nova geração de futebolistas vencedores.

David Villa, um dos históricos goleadores do futebol espanhol, saiu em lágrimas do jogo de despedida que significou para ele o abandono, mas há outros, como Xavi Hernandez, Iniesta, Xavi Alonso e até o próprio Casillas, que também podem ter visto chegar a hora de dizer adeus a um símbolo que prestigiaram e defenderam com inusitado empenho.

É verdade que estes e outros nomes não são, no imediato, de fácil substituição. Não deixa, porém, de se reconhecer que a Espanha vem trabalhando muito a sério no surgimento de novos valores e, por isso pode reivindicar um lugar de destaque, a nível europeu, entre as selecções mais jovens, apresentando conquistas só relativamente valorizadas porque outras lhes roubavam o palco.

Infelizmente, o mesmo não se passa entre nós. Fomos também ao tapete com um grupo de jogadores muitos dos quais a atingir a veterania, e não se vislumbra quem possa receber deles o testemunho.

Por isso, também nós vamos ter necessidade de um debate urgente. Só que as bocas que deviam abrir-se vão continuar provavelmente fechadas e as mentes permanecerão abstrusas porque, verdadeiramente, a vontade de mudar não existe.

Está na cara!