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Francisco Sarsfield Cabral

A UE em negação

29 mai, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Os líderes das instituições europeias e dos Estados membros olham para o lado e ignoram a maior crise de sempre da UE – "business as usual".

O economista Paul Krugman disse que os líderes da UE estão em profunda negação, ao atribuírem a crise das dívidas soberanas apenas a falhas nacionais, sem reconhecerem problemas de fundo na moeda única. Ora estar em negação é, desde há décadas, uma atitude corrente na UE.

Os líderes das instituições europeias e dos Estados membros olham para o lado e ignoram a maior crise de sempre da UE – "business as usual". Assim, desvalorizam a enorme abstenção nas eleições para o PE, as únicas em que o cidadão pode votar. Como desvalorizam a crescente hostilidade das opiniões públicas ao projecto europeu. Nada de importante irá mudar.

Pelo contrário. O Tratado de Lisboa diz que o Presidente da Comissão é escolhido pelo Conselho Europeu, tendo em conta os resultados eleitorais. Pois Merkel, sem deixar de formalmente apoiar Juncker, do grupo parlamentar mais votado (embora sem maioria absoluta), não quer decidir já ser ele o próximo Presidente da Comissão. Pretende considerar outros eventuais candidatos, nos quais ninguém (indirectamente) votou. Depois queixem-se do alheamento dos cidadãos.