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Francisco Sarsfield Cabral

A derrota europeia

26 mai, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

A maioria dos europeus alheia-se do Parlamento Europeu, que tem hoje mais poderes do que os que tinha quando a eleição passou a ser por sufrágio directo (1979). Se as pessoas escolhem não votar no único órgão da União Europeia onde podem fazê-lo, é porque não se sentem representadas neste Parlamento.

Apesar dos apelos ao voto, vindos da direita e da esquerda, e apesar de nestas eleições para o Parlamento Europeu (PE) surgirem com dinâmica inédita partidos, também de direita e de esquerda, contrários à integração europeia – apesar de tudo isso, a abstenção voltou a ser enorme, em Portugal e em geral na UE.

A maioria dos europeus alheia-se do PE, que tem hoje mais poderes do que os que tinha quando a eleição passou a ser por sufrágio directo (1979). Se as pessoas escolhem não votar no único órgão da UE onde podem fazê-lo, é porque não se sentem representadas neste Parlamento. Acentua-se o fosso entre a UE e as populações dos 28 Estados membros. Com este nível de abstenção não espantam os bons resultados de partidos eurocépticos e de candidatos críticos da classe política predominante.

Em Portugal o próprio vencedor das eleições de ontem, o PS, não obteve um número de votos que lhe augure uma maioria absoluta em 2015. Até lá, continuará a governar a coligação PS-CDS, pagando a factura da inevitável austeridade e de alguns erros políticos. Mas a grande derrotada foi a Europa.