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Ribeiro Cristóvão

Um gesto bonito

22 abr, 2014 • Ribeiro Cristóvão

Poucos terão reparado no modo como o árbitro Carlos Xistra apitou pela última vez, no jogo de domingo que rendeu o título de campeão nacional ao Benfica. Nem sempre Carlos Xistra tem conseguido bons desempenhos, mas agora merece nota máxima. Como homem.

De um jogo de futebol saltam, não raras vezes, imagens que nem sempre chamam a atenção dos observadores. Tanto daqueles que, no estádio, assistem ao vivo ao espectáculo, como de quantos ficam durante quase duas horas agarrados ao écrã de televisão.

E a verdade é que há mesmo momentos em que pequenos gestos encerram em si um profundo significado.

Poucos terão reparado no modo como o árbitro Carlos Xistra apitou pela última vez no desafio de domingo que rendeu o título de campeão nacional ao Benfica, e no que aconteceu a seguir.

O juiz de Castelo Branco só deu o jogo por terminado quando tinha a bola na sua posse, fazendo questão de a guardar ciosamente depois dessa decisão.

Mesmo para quem estava atento tratou-se, aparentemente, de um acto um pouco inédito. Tinha terminado um jogo que vai certamente figurar no seu currículo, tanto mais que até desenvolveu um trabalho a que os especialistas não tiveram dúvidas em atribuir nota positiva, pelo que a bola em si não deixaria de constituir uma boa recordação.

Mas não. A bola tinha, para Carlos Xistra, outro destinatário. E assim, o árbitro da Beira Baixa entregou-a ontem mesmo a uma instituição da Covilhã que protege crianças em dificuldade, para que seja feito um leilão através do qual se possa conseguir uma receita apreciável, e com ela ajudar alguns dos muitos aos quais o Estado e a sociedade nem sempre dispensam a devida atenção.

Por tudo isto, este gesto merece um registo especial. Que aqui deixamos gostosamente, e apontando-o como um exemplo que outros também poderão seguir.  Como árbitro, Carlos Xistra nem sempre tem conseguido bons desempenhos. Mas, neste caso, e como homem, merece nota máxima.