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Francisco Sarsfield Cabral

A lição dos guineenses

17 abr, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

A relação da Guiné-Bissau com a comunidade internacional não tem sido pacífica. Mas as mais recentes eleições mostraram um povo que, apesar da sua pobreza e de muitos outros problemas, não desiste da democracia.

A Guiné-Bissau tem tido uma vida política conturbada. Sucessivos golpes militares impediram a necessária estabilidade.

O último ocorreu em 2012 e desde então a comunidade internacional, incluindo Portugal, não reconhece legitimidade ao governo de Bissau. O que, além do mais, vem adiando a resolução do problema da TAP, que deixou de para ali voar, depois de ter sido forçada a embarcar refugiados sírios.

As coisas complicaram-se com um flagelo que já atingiu a Guiné-Bissau: passou a fazer parte de um dos trajectos internacionais da droga. O narcotráfico pode destruir uma sociedade. Ora a Guiné-Bissau é vista por muitos como um Estado falhado.

Mas as eleições realizadas naquele país mostraram um povo que, apesar da sua pobreza e de muitos outros problemas, não desiste da democracia. Registou-se a maior afluência às urnas de sempre, numas eleições que mais de 400 observadores estrangeiros consideraram livres e justas.

É uma lição para o mundo e, sobretudo, para os militares da própria Guiné. Estes têm de estar à altura do exemplo dado pelos eleitores guineenses.