A actual crise na Ucrânia evidencia os perigos da dependência energética europeia da Rússia. E vai demorar anos a reduzir essa perigosa dependência.
Há mais de vinte anos que a UE tenta avançar para uma política energética comum. Com pouco sucesso, por dois motivos principais: vários Estados-membros protegem os seus “campeões nacionais” no sector da energia; e no abastecimento externo tem sido cada país por si.
Neste segundo ponto destacou-se a Alemanha, que privilegiou uma relação com a Rússia na importação de petróleo e gás. O antecessor de Merkel, G. Schroeder, impulsionou a construção de um pipeline directamente da Rússia para o Norte da Alemanha através do Mar Báltico.
Quando saiu de chanceler, Schroeder assumiu um alto posto na Gasprom, a grande empresa russa de energia. A Lituânia, vizinha da Rússia, paga o gás russo 30% mais caro do que a mais distante Alemanha.
A actual crise na Ucrânia evidencia os perigos da dependência energética europeia da Rússia. Essa dependência já diminuiu um pouco, por causa dos cortes de fornecimento da Rússia, em 2006 e 2009, à Ucrânia, por onde passa grande parte da importação europeia de gás e petróleo.
Mas vai demorar longos anos a reduzir a sério essa perigosa dependência.