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Francisco Sarsfield Cabral

Estranha oportunidade

13 mar, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Não sendo adepto de teorias da conspiração, é-me difícil não ver no recente manifesto uma jogada política. O debate sobre se a dívida portuguesa é sustentável não é novo e já foi feita alguma reestruturação.

Nas recentes jornadas parlamentares do PS, Silva Lopes disse que a nossa dívida pública teria de ser reestruturada, mas agora não se devia falar disso. Afinal, Silva Lopes assinou o manifesto dos 70 “notáveis”, gente de variadas orientações políticas – e que o primeiro-ministro classificou como os pessimistas que garantiam que Portugal havia entrado numa espiral recessiva.

O debate sobre se a dívida soberana portuguesa é sustentável não é novo. Aliás, alguma reestruturação foi já feita, tendo o Governo conseguido baixar juros e alongar prazos de vencimento em dívidas à UE. Mas é estranho que 70 “notáveis” tenham achado oportuno apresentar o seu manifesto quando Portugal tenta regressar aos mercados a juro razoável.

Teodora Cardoso, Presidente do Conselho de Finanças Públicas e personalidade próxima do PS, afirmou ontem que esta é a pior altura para falar em reestruturação da dívida. É que essa perspectiva não entusiasma os potenciais compradores de dívida soberana portuguesa.

Não sou adepto de teorias da conspiração, mas é difícil não ver neste manifesto uma jogada política.