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Francisco Sarsfield Cabral

Não dar razão a Moscovo

12 mar, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Não devem ser levadas a sério as acusações de Putin contra quem destituiu o corrupto e pró-russo ex-presidente Yanukovich.

Uma das frentes da operação russa de anexação da Crimeia e de desvalorizar os actuais dirigentes da Ucrânia consiste em apresentar esses dirigentes como extremistas de direita, anti-semitas, anti-democratas violentos, fascistas. É uma forma de a Rússia tentar branquear a crassa violação do direito internacional que desencadeou, aliás na linha do que fez na Geórgia há seis anos (invasão e anexação de uma parte do país).

Não devem, por isso, ser levadas a sério as acusações de Putin contra quem destituiu o corrupto e pró-russo ex-presidente Yanukovich. Aliás, onde existiram e existem sentimentos nada democráticos e anti-judaicos é na Rússia – agora e antes, quando era comunista e travava a emigração de judeus. Na Ucrânia, os líderes judaicos já desmentiram que os manifestantes da praça Maidan, em Kiev, fossem anti-semitas.

Dito isto, é um facto que, no Leste europeu, incluindo em países que já entraram na UE, falta tradição democrática e sobra tradição anti-semita. Ora, é vital que, na Ucrânia, a extrema-direita violenta não dê qualquer desculpa a Moscovo.