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Francisco Sarsfield Cabral

Europa imaginária

06 mar, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Os socialistas europeus podem ter sonhos para a Europa, mas a Alemanha de Merkel impõe limites e não permite a sua concretização. É, por isso, enganador falar de uma Europa que existe apenas no imaginário.

Francisco Assis, cabeça de lista do PS às eleições para o Parlamento Europeu, é um político sério, competente e corajoso. Terá um problema na sua campanha: as posições irrealistas e, em alguns casos, cinicamente enganosas, do Partido Socialista Europeu e de António José Seguro.

Reunidos em Roma há uma semana, os socialistas europeus apelaram a “uma nova Europa”, com mutualização das dívidas soberanas. Seguro reivindicou que o BCE se tornasse um prestador de último recurso.

São coisas desejáveis, mas a opinião pública alemã não as aceita. E o SPD, que negociou longamente a sua participação no governo de Merkel, assumiu a recusa de mutualizar dívida.

O socialista Hollande tornou-se Presidente de França prometendo travar a austeridade e apostar no crescimento económico. Um ano depois fez uma volta de 180 graus e, face às realidades, adoptou políticas de sentido contrário.

Edward Milliband, líder dos trabalhistas britânicos (com quem Seguro se encontrou há dias), talvez apoie um referendo sobre a saída do seu país da UE, que consagrará essa saída.

É enganador falar de uma Europa imaginária.