A lição dos Estaleiros de Viana

Não posso garantir que a subconcessão, pelo Estado, dos Estaleiros Navais de Viana à empresa Martifer seja uma solução excelente. Também não sei se algumas suspeições que se levantaram quanto a esta operação se confirmam ou não – cabe à justiça pronunciar-se.

Mas uma coisa este caso tornou evidente: o Estado é um mau gestor de empresas. E nada justifica que uma empresa de construção naval esteja na órbita pública.

Foi há dez anos que os Estaleiros de Viana construíram o último barco sem prejuízo. De então para cá, tornaram-se um sorvedouro de dinheiro público. Dinheiro que, claro, saiu do bolso dos contribuintes portugueses.

Ao longo de uma década, os sucessivos governos e gestores da empresa não foram capazes de encontrar uma saída. Surgiram várias hipóteses, mas por um motivo ou por outro nenhuma se concretizou. Se a empresa fosse privada, tal não seria possível.

Por isso, é paradoxal que os ardentes defensores das empresas nacionalizadas insistam tanto no caso dos Estaleiros de Viana. É como dar um tiro no próprio pé. A ideologia não justifica tudo.