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Francisco Sarsfield Cabral

Porque continuará a austeridade

23 dez, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Uma dívida perto dos 130% do PIB da parte do Estado, a que acrescem as dívidas das famílias e das empresas fazem com que a austeridade ainda tenha futuro em Portugal.

Há o risco de se pensar que, terminado o programa de assistência da “troika” a Portugal, acaba a austeridade. Ora, a austeridade irá continuar, ainda por muitos anos.

Porquê? Por causa da dívida do Estado, que se aproxima de 130% do PIB (a norma da Zona Euro é não exceder 60% do PIB, menos de metade) e que só deixará de subir quando houver excedentes nas contas públicas, em vez de défices.

Acrescem as dívidas das famílias e as das empresas (estas últimas, em conjunto, já excedem a dívida pública).

Ou seja, teremos de colocar a dívida do Estado (além das outras) num nível sustentável. O que não se consegue – se conseguir – em meia dúzia de anos.

Há que manter o consumo privado dentro de limites, bem como o consumo público (despesas correntes do Estado). Não haja ilusões de que regressaremos às facilidades da primeira década deste século, financiadas a crédito.

Agora os credores estão vacinados e só nos emprestarão dinheiro a juros aceitáveis, com ou sem “troika”, desde que vejam disciplina financeira em Portugal – no Estado, nas famílias e nas empresas.