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Francisco Sarsfield Cabral

Não há espiral recessiva

17 dez, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

O facto de Portugal ter saído da recessão, com o PIB a subir em dois trimestres sucessivos, desmente a espiral recessiva. Mas também é verdade que uma parte da austeridade foi contraproducente.

Durante meses receou-se que a economia portuguesa tivesse entrado numa espiral recessiva. Eu próprio temi que o excesso de austeridade levasse a uma recessão profunda e longa, que travaria a receita dos impostos e a redução do défice das contas públicas. Para tentar baixar esse défice viria mais austeridade, mais recessão, etc., num ciclo vicioso sem fim à vista.

O facto de Portugal ter saído da recessão, com o PIB a subir em dois trimestres sucessivos, desmente a espiral recessiva. Claro que o crescimento ainda é fraco e o PIB deste ano ficará abaixo do registado em 2012 (mas menos do que se previa).

E também é verdade que uma parte da austeridade foi contraproducente. Mas é indubitável a viragem positiva na economia, independentemente de ser seguro que ela se mantenha em 2014.

Há quem não reconheça esta realidade. Até se invoca um curioso argumento: a nossa economia terá descido tanto que bateu no fundo; agora só poderia crescer.

Acontece que não existe qualquer fundo, excepto na cabeça de algumas pessoas. Vejam a economia grega, cujo PIB cai ano após ano.