Emissão Renascença | Ouvir Online

Francisco Sarsfield Cabral

As contradições do FMI

12 dez, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Há um ano, o FMI reconhecia a desvalorização dos efeitos da austeridade. Há poucas semanas, pareceu claro que defendia mais cortes nos salários em Portugal. Mas há dois dias, a directora-geral da instituição afirmou que o ajustamento deveria ter sido feito em mais tempo. Onde fica a confiança?

Faz agora um ano Olivier Blanchard, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, confessava no site da instituição que esta havia subestimado os efeitos recessivos da austeridade imposta aos países assistidos.

Na terça-feira, a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, reconheceu ter havido um erro. Devia ter sido dado mais tempo ao ajustamento da Grécia e de Portugal, disse ela.

Mas permanece um mistério: por que motivo o FMI não tentou sequer corrigir o erro ao longo de todo este ano, convencendo os seus parceiros na “troika” de que algo teria de ser mudado?

Ontem, o chefe da missão do FMI para Portugal disse não perceber onde teriam os jornalistas portugueses ido buscar a ideia de que o Fundo iria insistir em mais cortes de salários no sector privado.

Talvez todos nós tivéssemos entendido mal umas afirmações daquele senhor há semanas. Mas porque deixou ele passar tanto tempo para desfazer o alegado mal-entendido?

São contradições que não prestigiam o FMI nem contribuem para a confiança no programa de ajustamento em curso.