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Francisco Sarsfield Cabral

Excesso de professores

14 nov, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Nos anos 90, muita gente foi para professor não por vocação, mas por ser um emprego. Entretanto, começou a baixar a natalidade.

Em 1961, o ensino público secundário ainda era destinado a uma pequena minoria – menos de nove mil alunos. Depois, felizmente, o ensino democratizou-se.

Em meados dos anos 90, o secundário contava com cerca de 400 mil alunos. Esse enorme alargamento teve um custo: piorou a qualidade, até porque muita gente foi para professor, não por vocação, mas por ser um emprego.

Entretanto, a baixíssima natalidade em Portugal começou a reduzir o número de estudantes. Tendência que vai acentuar-se, pelo menos, a médio prazo. Resultado: temos professores a mais, o que explica boa parte dos conflitos do Governo com os sindicatos do sector.

Em entrevista à Renascença, David Justino, ex-ministro da Educação e actual presidente do Conselho Nacional da Educação, pôs o dedo na ferida. Um dos principais problemas da educação no nosso país, disse ele, é o de “ter recursos humanos a mais”.

A escola pública em Portugal, acrescentou David Justino, só pode “progredir quando puder escolher os melhores professores”, afirmando que “há professores bons, mas nem todos são bons”.

É óbvio, mas há quem não queira ver.