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Francisco Sarsfield Cabral

O poder da Comissão

06 nov, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

Bruxelas tem hoje um papel diminuído. Quem manda é a Alemanha e só os norte-americanos se atreveram a criticar Berlim.

O primeiro-ministro Passos Coelho e seis ministros reúnem-se hoje em Bruxelas com a Comissão Europeia, tendo como principal assunto o programa de ajustamento em curso em Portugal.

Das três entidades que compõem a “troika” – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional – é a primeira aquela que mais intransigente se tem mostrado na flexibilização da austeridade imposta ao nosso país.

É quase certo que a espiral recessiva não se concretizou. Há vários, embora ténues, sinais de melhoria da situação económica em Portugal (os quais, no entanto, poderão não se prolongar em 2014). Mas é inegável que parte da austeridade aplicada entre nós foi contraproducente quanto à própria redução do défice público.

A Comissão não o ignora. Mas o poder da Comissão está hoje diminuído. Quem manda é a Alemanha e os comissários não querem indispor Berlim. Por isso, não criticam o excedente externo alemão, que já vai em 7% do PIB.

Quem o criticou foi o Tesouro americano, irritando a chanceler Merkel. Por isso, não espero grande coisa da reunião de hoje em Bruxelas.