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Francisco Sarsfield Cabral

Gato por lebre

16 out, 2013

O que mais escandalizou neste caso foi a inacção das autoridades do mercado bancário, a começar pelo Banco de Portugal. É como se a ASAE não retirasse do mercado carne estragada.

Vão a tribunal três ex-dirigentes do Banco Privado Português (BPP), que faliu há cinco anos. O caso mais grave do BPN, que se arrasta na lentidão da justiça portuguesa, de alguma forma fez esquecer o que aconteceu no BPP, um banco de investimento que basicamente geria poupanças dos clientes.

Ora o BPP oferecia altas remunerações a quem lá colocasse dinheiro. O problema – ou um dos problemas, porque há outros – é que anunciava como depósitos bancários aplicações de dinheiro que, em rigor, não o eram. Daí que não beneficiassem do seguro de depósitos que vigora em Portugal, como noutros países.

Por outras palavras, o BPP oferecia gato por lebre. Alguns investidores que lá colocaram a suas poupanças terão percebido, mas resolveram arriscar. Muitos outros, porém, foram levados ao engano.

O que mais escandalizou neste caso foi a inacção das autoridades do mercado bancário, a começar pelo Banco de Portugal. Pois se foram publicados anúncios nos jornais promovendo os tais falsos depósitos, porquê a passividade? É como se a ASAE não retirasse do mercado carne estragada.